sexta-feira, 12 de junho de 2009

Questões para 2A e 2B

Meninos e meninas, as questões (no final) serão melhor respondidas se vocês explorarem os links do blog, à direita. Poderão observar que há dados sobre Castro Alves e sua obra. Mais abaixo há uma série de notícias sobre os afrodescendestes.
Há duas perguntas aqui colocadas; uma reflexão sobre o racismo e outra sobre linguagem poética. Divirtam-se!
Fragmento de Navio Negreiro de Castro Alves


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro
O Rappa


Composição: Marcelo Yuka

Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? qual é negão?

É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro

É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a aids possui hierarquia
Na áfrica a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro


a) Por que todo camburão tem um pouco de navio negreiro? Comente a partir dos dois textos, de seu conhecimento sobre racismo no Brasil e a contextualização histórica sobre a luta dos negros contra a escravidão, o abolicionismo e abolicionistas.

b) Castro Alves escreveu o poema Navio Negreiro no século XIX, Marcelo Yuka compôs Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro no final do século XX. Observe a linguagem, rimas, ritmo utilizadas em ambos os textos e comente sobre as semelhanças e diferenças.
Veja o Rappa e também cenas do filme Amistad para ilustrar o poema Navio Negreiro.

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